Por: Denise Bueno
Brasil se insere em contexto internacional de resseguros
Criado em 25 mar 2021 • Outros
Tem gente que casa pela internet! E nós só queremos ajudar o corretor a vender uma apólice de seguro online. CEO Luís Eduardo Assis
A pandemia trouxe perdas expressivas para as resseguradoras, responsáveis por pagar o excesso de perda das seguradoras. E isso resulta em elevação de taxa, de franquias e condições mais duras, com exclusões. No Brasil, além dos impactos no cenário internacional, o arcabouço regulatório está em revisão pela Superintendência de Seguros Privados (Susep).
“Em quase todos os contratos de resseguros que estamos renovando existe a solicitação de inclusão de cláusula de exclusão de doenças transmissíveis, aumento de taxas e de franquias”, conta Juliana Kazumi Chen, responsável por resseguro na Fator Seguradora. Os principais reajustes estão em seguros de responsabilidade financeira e profissional, principalmente em D&O e cyber. “Em segmentos como geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia, bem como produção, esses aumentos foram bem significativos”, informa Paul Conolly, diretor de resseguros da Marsh.
Ninguém ainda sabe dizer ao certo quanto a pandemia vai custar para ao setor. O Lloyd’s of London, maior mercado de seguros do mundo, estimou perdas mundiais superiores a US$ 200 bilhões em todo o setor. As duas principais resseguradoras, Swiss Re e Munich Re, divulgaram perdas de quase US$ 4 bilhões com a pandemia em 2020, cada uma.
“O grupo fez reservas para pagar as indenizações decorrentes, principalmente de perdas com seguros de cancelamento de eventos, saúde, vida, setor aéreo e lucro cessantes, entres os principais”, enumera Fred Knapp, responsável por resseguro no Brasil e Cone Sul da Swiss Re. No entanto, 2021 é um ano visto com otimismo, especialmente no Brasil, diante das perspectivas de novos negócios, como seguros cibernéticos, paramétricos, que estão na pauta do Ministério da Agricultura, e oferta de capital para insurtechs avançarem no setor.
O resseguro no Brasil, com vendas de R$ 11,6 bilhões em 2020, acima dos R$ 9,7 bilhões de 2019, passa por muitas mudanças, inclusive regulatórias. Nos bastidores da Superintendência de Seguros Privados (Susep) há uma intensa movimentação, com perspectiva de revisão de todo o arcabouço infralegal de resseguros, em linha com o estabelecido pela Lei Complementar nº 126/2007 e a Lei nº 13.874/19 (Lei da Liberdade Econômica). Neste contexto, a Susep vem implementando modernizações e simplificações. Assim, questões como limite de cessão em resseguros e retrocessão, diferenciação entre locais, admitidos e eventuais e outros pontos, estão na pauta de revisão, conta o diretor da Susep, Igor Lourenço.
Uma das preocupações do setor é se acabará a preferência para locais. “Este tema está sendo discutido no âmbito da Susep e do governo federal e, atualmente, há consenso em relação à necessidade de revisão da lei que trata de resseguros, o que inclui a flexibilização do regime da oferta preferencial. Porém, o assunto depende de apreciação e deliberação do Congresso Nacional”, informa Lourenço.
Além da regulação, o principal ressegurador do Brasil passa por uma profunda transformação. O IRB Brasil Re divulgou prejuízo de R$ 1,5 bilhão no ano passado depois de fraudes contábeis e troca de todo o corpo diretivo. Para 2021, a perspectiva é de voltar ao lucro. “Não foi observado impacto relacionado ao coronavírus nas operações do IRB”, conta a vice-presidente executiva de resseguros, Isabel Solano. “Em 2021, nossa primeira data importante para renovações foi em janeiro. Dentro da estratégia de re-underwriting, o IRB requalificou seu portfólio, com a saída de vários contratos não lucrativos e o ajuste de termos e condições nas renovações. Com isso, houve cancelamento de 11% do portfólio nos segmentos patrimonial, rural e aviação, e renovação de 87% dos contratos-alvo. Além disso, novos contratos representaram 13% do novo portfólio”, afirma Isabel.
Segundo Bruno Freire, CEO da Austral Re, é esperado um aumento de demanda no segmento de energia por conta do investimento em infraestrutura e novas regulamentações, como a Lei do Gás. “Além disso, o redirecionamento estratégico da Petrobras, que já vem sendo realizado há pelo menos dois anos, também disponibiliza ao mercado necessidades de cobertura que antes eram absorvidas pela própria companhia.” O seguro de riscos cibernéticos, diz, também tem chamado mais atenção das empresas.